Você não faz ideia

igrejadobosque

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27 de August de 2019

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Tem horas em que o mundo é um lugar bom. Noutras, terrível. Nesses momentos, só queremos que acabe. Sabemos para onde olhar e, de cor, o que dizer: “Maranata!” Naqueles, chegamos a desejar, bem lá no íntimo, um adiamento. “Vai ser bom, mas eu queria tanto casar”; “ver meu filho crescer”; “curtir a aposentadoria viajando com a patroa”.

Pode atirar em mim a primeira, segunda, até a terceira pedra se você nunca pensou desse jeito. Eu já. Precisa de alguma coragem para admitir. Quando eu acordo, olho para o lado e vejo a minha mulher despertando, é maravilhoso. Ouço uma música do André Mehmari ou a voz da Monica Salmaso e penso que nada mais lindo poderia me chegar aos ouvidos. Toco um instrumento ou dou uma aula e sinto uma realização que nenhuma outra atividade poderia me dar. Piso em uma praia, passo horas rindo com os amigos, dou uma garfada em um strudel de maçã e vou sorvendo com calma essa coisa incrível que é viver por aqui.

Quando eu era mais novo, sempre me inquietava pensar no que vem depois. O homem foi criado para a eternidade, mas sua mente tem sérias dificuldades no assunto. Como vai ser quando o mundo for diferente e não houver sequer um traço do que hoje é a realidade? “O que vamos fazer? Para sempre não é muito tempo? Eu vou lembrar que ela foi minha esposa? Vamos ter amigos?” Geralmente, desde pequenos, aprendemos que “vai ser melhor do que aqui” e ponto. E é muito feio pensar o contrário ou ter inquietações sobre o assunto.

 

Ocasionalmente tropeço nesses pensamentos e não posso deixar de lembrar do que o apóstolo Paulo cita no nono versículo do segundo capítulo de sua primeira carta aos Coríntios: “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que

 

Deus preparou para aqueles que o amam”. Antes de seguir no raciocínio, um parêntese. Muita gente lembra – com razão – desse versículo quando pensa no porvir. Mas reparando bem, nesse trecho Paulo fala de coisas que já aconteceram. Da salvação revelada, prometida aos judeus e estendida aos gentios, que antes era mistério, mas que foi “elucidada” a nós pelo Espírito.

Como você bem sabe, salvação envolve nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Portanto, nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido jamais ouviu e nenhuma mente jamais concebeu o que Deus fez, faz e fará por nós que estamos em Cristo.

 

Ao reler esse versículo, então, escuto Jesus falando comigo assim: “Eduardo, você não faz ideia.”

 

Não faço mesmo. O lugar onde vivemos é terrível, mas há momentos grandiosos também. Quando algo bom e sublime é expresso nos atos e interações humanas, é impossível não lembrar que carregamos – todos, sem exceção – a “imago Dei” dentro de nós, apesar de ela ter sido distorcida pelo pecado. E aquilo que é belo só podia vir da expressão de uma imagem que reflete aquele que é a fonte de toda a beleza.

 

Mas Jesus continua falando: “você não faz ideia”.

Você teve, durante a vida, a chance de observar o amor da sua vida dormindo tranquilo?

Pôde ver seus filhos entrando nas melhores faculdades, construindo carreiras maravilhosas?

Sentiu cheiros, gostos e toques e ouviu sons que lhe fizeram desejar que aquela experiência sensorial durasse para sempre?

Leu livros, viu filmes, assistiu a peças, musicais e concertos que promoveram aí dentro de você uma enorme celebração da vida?

Visitou lugares cuja beleza impressionante deixou marcas indeléveis em suas retinas?

 

Ele segue falando:

 

Saiba que a vida comigo é e será muito, muito melhor. Você não faz ideia.”